Única a votar contra, vereadora Simone Gomes critica decisão da Câmara que aprovou mais um parcelamento de dívidas da Prefeitura de Coxim com o IMPC; débito ultrapassa oito milhões de reais, poderá ser dividido em até 300 vezes e marca a terceira vez que o prefeito Edilson Magro recorre a esse tipo de medida
A aprovação do projeto que autoriza o parcelamento e reparcelamento das dívidas do Instituto Municipal de Previdência de Coxim (IMPC), realizada durante sessão da Câmara Municipal na noite de ontem, acendeu um alerta sobre a saúde financeira do município. A vereadora Simone Gomes (Republicanos), única a votar contra a proposta, fez duras críticas à decisão da maioria dos vereadores e alertou para as graves consequências que o novo parcelamento pode trazer aos cofres públicos e aos servidores municipais.

De acordo com o demonstrativo financeiro referente à competência de outubro de 2025, o montante das obrigações previdenciárias ultrapassa 8 milhões de reais, valor que o município pretende dividir em até 300 parcelas. A vereadora chamou atenção para a parte referente aos servidores, que chega a aproximadamente 12 mil reais e que não pode ser parcelada, pois isso configuraria improbidade administrativa. Considerando outras dívidas acumuladas ao longo dos anos, Simone destacou que o total geral projetado pode atingir entre 51 e 53 milhões de reais.
Para Simone, o parcelamento representa um risco elevado à estabilidade fiscal e previdenciária de Coxim. “Ficamos tristes porque todas as vezes que o município vai mal, o caminho é o IMPC. Estamos novamente diante de uma dívida que pode se estender por 150 ou até 300 meses, sem sabermos como será o futuro”, afirmou.
A vereadora também alertou que o parcelamento pode comprometer o CRP (Certificado de Regularidade Previdenciária), documento essencial para manter o município apto a receber recursos e emendas parlamentares. “Se o município atrasar qualquer parte patronal ou dos servidores, todo esse comprometimento cai por terra. O parcelamento pode até aliviar agora, mas se houver novo atraso, o CRP será suspenso e o município ficará impedido de receber recursos e emendas”, explicou.
Simone chamou atenção ainda para o impacto sobre os servidores públicos, que já convivem com atrasos salariais e incertezas quanto à aposentadoria. “Os servidores estão pedindo socorro. Não é justo que o peso da má gestão recaia sobre quem trabalha. Precisamos fazer o dever de casa. Não adianta discursos bonitos se as contas continuam desorganizadas”, criticou.
Ela também lembrou que alguns vereadores que ontem votaram a favor do parcelamento já haviam se posicionado contra medidas semelhantes no passado. “Eu lembro bem de colegas que diziam que nunca mais aprovariam parcelamento. Hoje, estão aqui votando a favor. O discurso muda, mas a realidade do município continua a mesma”, disse.
Em tom firme, Simone reforçou seu compromisso com os servidores e com a responsabilidade previdenciária. “Eu não me escondo na sombra, eu saio à luz do sol. Fui eleita não com a maioria dos servidores públicos, mas estarei sempre defendendo a minha classe, porque amanhã eu também poderei me aposentar. Será que queremos virar um Rio de Janeiro, sem dinheiro nos cofres, como aconteceu no passado?”, questionou.
A parlamentar ainda fez um apelo aos colegas para que reflitam sobre o impacto de suas decisões. “Não vou manipular voto de ninguém, porque não estou aqui para isso. Mas peço que cada um coloque a mão na consciência. Todos temos parentes, amigos ou conhecidos que dependem da aposentadoria e das pensões. Cada um é dono do seu voto, e eu sou dona do meu”, concluiu.
Com a aprovação do projeto, o município poderá parcelar e reparcelar parte de suas dívidas previdenciárias em até 300 vezes. Porém, segundo Simone Gomes, a medida carrega riscos significativos: chances de perda do CRP, aumento do endividamento total, prejuízos diretos aos servidores e um possível colapso financeiro futuro.



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