Pesquisa mostra que Lula recuperou 16 pontos desde maio e empatou tecnicamente com a rejeição. Avanço é impulsionado por mulheres, Nordeste e pauta social
Uma nova rodada do levantamento Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (8), indica que 48% dos brasileiros aprovam a forma como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conduz o governo, enquanto 49% desaprovam. A diferença de apenas um ponto percentual configura um empate técnico, dentro da margem de erro de dois pontos.

O resultado representa o melhor desempenho do presidente em 2025 e confirma uma trajetória de recuperação que já dura cinco meses. Desde maio, quando a diferença entre aprovação e rejeição era de 17 pontos negativos, Lula reduziu esse desequilíbrio em 16 pontos percentuais — reflexo de vitórias no Congresso, queda dos preços dos alimentos e reforço no discurso de soberania nacional.
Em maio, 57% desaprovavam a gestão e apenas 40% aprovavam. Agora, o cenário é de equilíbrio e melhora consistente na percepção pública.
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre os dias 2 e 5 de outubro, em 120 municípios das cinco regiões do país. O nível de confiança é de 95%.
Avaliação geral
Aprovam: 48%
Desaprovam: 49%
Não souberam responder: 3%
➡️ Diferença de 1 ponto percentual
Avaliação qualitativa
Positiva: 33%
Regular: 27%
Negativa: 37%
Sem opinião: 3%
Expectativas econômicas
Acreditam que a economia vai melhorar: 43%
Vai piorar: 35%
Vai permanecer igual: 21%
O índice atual de aprovação se aproxima dos níveis observados em meados de 2023, quando o governo ainda registrava cerca de 60% de avaliação positiva e mantinha clima de menor tensão com o Congresso.
De acordo com o cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes, o levantamento mostra um momento de “recomposição da credibilidade política” do governo, com Lula retomando protagonismo e associando sua imagem à estabilidade econômica e institucional.
Recuperação regional e entre diferentes grupos
Os dados apontam melhora em praticamente todos os segmentos da população. No Sudeste, a aprovação saltou de 32% em maio para 44%, enquanto a rejeição caiu de 64% para 52%. No Nordeste, o apoio ao governo cresceu de 54% para 62%, ampliando a vantagem de Lula na região para 26 pontos percentuais.
Por faixa etária, a recuperação foi mais expressiva entre pessoas de 35 a 59 anos, grupo no qual a aprovação (51%) superou a desaprovação (46%). Entre as mulheres, o índice de apoio chegou a 52%, tornando-se o público mais fiel ao governo.
Entre homens, embora a rejeição ainda seja maior (53%), houve melhora de seis pontos em relação a maio. A distância entre os gêneros, que era de 20 pontos, caiu para nove.
A Quaest também registrou crescimento da aprovação entre católicos (54%) e estabilidade entre evangélicos (34%), onde a rejeição ainda se mantém elevada, em torno de 63%.
Resultados regionais
Sudeste: 44% aprovam / 52% desaprovam
Nordeste: 62% aprovam / 36% desaprovam
Sul: 41% aprovam / 56% desaprovam
Centro-Oeste/Norte: 44% aprovam / 55% desaprovam
Faixa etária
16–24 anos: 46% aprovam / 50% desaprovam
25–34 anos: 47% / 49%
35–59 anos: 51% / 46%
60 anos ou mais: 49% / 48%
Resistência ao bolsonarismo e efeito das manifestações
A pesquisa também mostra rejeição ampla às pautas defendidas por lideranças bolsonaristas. 63% dos entrevistados se dizem contrários à chamada “PEC da Blindagem”, que buscava alterar o regime jurídico de parlamentares, e apenas 22% apoiam a proposta.
Quanto à anistia dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, 47% são contra qualquer tipo de perdão, enquanto 35% defendem anistia total, incluindo Jair Bolsonaro. Outros 8% apoiam perdão restrito apenas a manifestantes.
Segundo a Quaest, 39% dos entrevistados avaliam que o governo saiu fortalecido após as manifestações de rua contra essas propostas.
Esses números reforçam a percepção de que Lula tem se beneficiado de um desgaste da oposição de extrema direita e de avanços na pauta econômica no Congresso.
Melhor momento do terceiro mandato
Com o empate técnico entre aprovação e rejeição, Lula vive o ponto mais alto de popularidade de seu terceiro mandato. A recuperação é sustentada por fatores como a aprovação da reforma do Imposto de Renda, o reposicionamento diplomático após o encontro com Donald Trump na ONU e a redução dos preços de alimentos.
A melhora nas pesquisas indica um cenário de reconciliação com o eleitorado médio e abre caminho para uma disputa mais equilibrada nas eleições de 2026.




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