Presidente dos EUA acusa comissária de "sabotagem" após divulgação de dados ruins e decide que o problema é quem trouxe a má notícia

Em mais um episódio tragicômico da política americana, o presidente Donald Trump decidiu resolver a piora nos índices de emprego dos Estados Unidos com a sutileza de um rinoceronte em uma loja de porcelanas: demitindo a responsável pelas estatísticas. Isso mesmo. Ao invés de enfrentar os dados, Trump decidiu eliminar a mensageira.

A vítima da vez é Erika McEntarfer, comissária do Bureau of Labor Statistics (BLS), órgão responsável pela coleta e divulgação de dados de emprego no país. McEntarfer, que foi confirmada pelo Senado com 86 votos favoráveis (nada mal para uma suposta sabotadora de dados), teve sua cabeça pedida após a divulgação de um relatório que mostrou a criação de apenas 73 mil empregos em julho  muito abaixo da expectativa. Para piorar, revisões apontaram que os dois meses anteriores também foram superestimados em 258 mil postos.

O presidente, visivelmente mais preocupado com sua imagem do que com o bem-estar do povo americano, foi às redes da sua bolha digital, a Truth Social, para disparar:

“Ela será substituída por alguém muito mais competente e qualificado.”

Traduzindo: alguém que diga apenas o que Trump quer ouvir.

Como se não bastasse o fiasco nos números, a taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2%, jogando um balde de água fria nas promessas de campanha e nos delírios de recuperação plena. Economistas apontam uma combinação tóxica: tarifas protecionistas mal calculadas, cortes no setor público e políticas de imigração desastrosas que vêm sufocando a mão de obra e a competitividade do país.

Mas para Trump, a culpa não é da realidade  é de quem revela a realidade.

A lógica é clara: se os dados não agradam, o problema não está na economia, e sim em quem teve a ousadia de medi-la. Nesse ritmo, não será surpresa se o presidente criar um novo Bureau da Verdade Oficial, onde os gráficos sempre apontarão para cima, a inflação será zero, e o desemprego, uma invenção da mídia esquerdista.

Enquanto isso, o mercado observa com nervosismo, e o povo americano começa a entender que, para o atual governo, não há espaço para estatísticas apenas para fanfarras.