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Proposta polêmica: Deputado quer tiro esportivo como atividade extracurricular nas escolas
Proposta polêmica: Deputado quer tiro esportivo como atividade extracurricular nas escolas

Arma na mão ou livro na mochila? Projeto gera debate sobre quais valores devem ser ensinados aos nossos jovens

O deputado Marcos Pollon (PL-MS) apresentou na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 2075/2025, que prevê a inclusão do tiro esportivo como atividade extracurricular nas escolas, para alunos a partir dos 14 anos, com autorização dos pais.

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De acordo com o texto, não seriam utilizadas armas de fogo, mas sim equipamentos como armas de pressão por ar, gás comprimido, airsoft ou paintball — sempre com calibre inferior a 6,35 mm. A proposta alega que o esporte desenvolve disciplina, concentração e autocontrole.

Mas até que ponto isso é seguro?
O debate sobre a proposta esbarra em uma questão sensível: o impacto psicológico e social de inserir armas — ainda que esportivas — no ambiente escolar.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que o Brasil registrou, só em 2023, mais de 4.800 mortes de crianças e adolescentes por armas de fogo. Embora o projeto trate de tiro esportivo, especialistas alertam que a naturalização do uso de armas, mesmo que esportivas, pode ter reflexos preocupantes na formação dos jovens.

“A prática esportiva é essencial, mas existem tantas modalidades que promovem disciplina, foco e trabalho em equipe, sem envolver armas. Precisamos refletir que tipo de valores queremos fortalecer nas nossas crianças”, comenta a psicopedagoga Ana Paula Silva.

Quais seriam as regras?
Se aprovada, a atividade aconteceria no contraturno escolar, com acompanhamento de instrutores qualificados, uso obrigatório de equipamentos de proteção e autorização dos pais. As práticas seriam realizadas em ambientes específicos, dentro ou fora da escola.

Esporte ou estímulo equivocado?
É fato que o tiro esportivo é uma modalidade reconhecida, presente inclusive nas Olimpíadas. Mas especialistas questionam se o ambiente escolar é o espaço adequado para esse tipo de prática.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o contato precoce com qualquer simbologia armamentista pode, sim, influenciar comportamentos, além de gerar uma falsa sensação de que o uso de armas — ainda que esportivas — faz parte da vida cotidiana.

Discussão aberta
O projeto ainda precisa tramitar nas comissões da Câmara, mas já gera ampla discussão na sociedade. Pais, professores e profissionais da educação levantam um questionamento central:

É esse o caminho que queremos para a formação dos nossos jovens?

Em tempos onde se busca fortalecer valores como empatia, cooperação, diálogo e respeito, trazer armas (mesmo que esportivas) para dentro da escola ou vinculadas a ela é, no mínimo, algo que merece ser profundamente debatido.

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