Economia cresce 0,4% no segundo trimestre de 2025, supera estimativas e mantém trajetória positiva apesar da desaceleração
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil alcançou no segundo trimestre de 2025 o maior nível da série histórica, iniciada em 1996. Segundo o IBGE, a economia brasileira movimentou R$ 3,2 trilhões entre abril e junho, com crescimento de 0,4% em relação ao trimestre anterior.

O resultado consolidou uma marca expressiva: 16 trimestres consecutivos de expansão, a mais longa sequência positiva já registrada. Ainda que o ritmo tenha desacelerado frente ao início do ano — quando a alta foi de 1,3% —, o desempenho superou as expectativas do mercado, que previa avanço de 0,3%.
Na comparação anual, o PIB cresceu 2,2%.
Variação trimestral do PIB em %, segundo o IBGE:
Serviços e consumo puxam a economia
O setor de Serviços, que responde por mais de 70% do PIB, avançou 0,6% e registrou um novo recorde. Destaques foram as áreas de informação e comunicação (1,2%), impulsionadas pelo desenvolvimento de softwares, e transporte de passageiros (1%).
O consumo das famílias também cresceu 0,5%, sustentado pelo dinamismo do mercado de trabalho, aumento da massa salarial e políticas de transferência de renda.
Indústria e agro: sinais mistos
A Indústria cresceu 0,5%, puxada pela extração de petróleo e gás (+5,4%). Por outro lado, a Construção (-0,2%) e a Indústria de Transformação (-0,5%) sentiram os efeitos da política monetária restritiva, com juros elevados encarecendo o crédito. O contraste é claro: a extração de petróleo e gás sustenta o crescimento do setor, mas a queda em segmentos ligados ao mercado interno mostra fragilidades na diversificação produtiva.
A Agropecuária recuou 0,1% após forte expansão no primeiro trimestre, quando as colheitas recordes de soja e milho haviam impulsionado o setor. Ainda assim, em 12 meses, acumula crescimento de 10,1%. A leve queda não apaga o desempenho expressivo em 12 meses, mas ilustra a dependência do setor de fatores climáticos e safras recordes, o que gera oscilações de difícil previsibilidade.
Investimentos em queda e retração
Apesar dos recordes, alguns sinais de alerta apareceram. Os investimentos caíram 2,2%, refletindo o desaquecimento da Construção e da produção de bens de capital. O consumo do governo também recuou 0,6%, em meio ao esforço de contenção fiscal.
A retração evidencia o peso da política monetária restritiva. Juros altos desestimulam setores como construção e indústria de transformação. O recuo do consumo do governo reforça o quadro de contenção fiscal, que busca estabilidade macroeconômica, mas limita o estímulo à atividade.
Sem retomada robusta do investimento, a economia pode se apoiar excessivamente no consumo, corroendo ganhos de produtividade e comprometendo a sustentabilidade do ciclo de crescimento.
Recorde histórico e desafios à frente
O avanço contínuo do PIB reforça a resiliência da economia brasileira mesmo em cenário de política monetária restritiva. A sequência de 16 altas trimestrais coloca o país em trajetória inédita, marcada pela recuperação pós-pandemia e pela expansão consistente do consumo interno e do setor de serviços.
Ao mesmo tempo, a desaceleração do crescimento, a queda nos investimentos e a incerteza sobre o impacto de tarifas impostas pelos Estados Unidos trazem riscos para os próximos trimestres.
O governo federal projeta alta de 2,5% em 2025, sustentada pela renda das famílias e pelo mercado de trabalho, mas especialistas apontam que a manutenção do ciclo positivo dependerá da capacidade de reverter a retração dos investimentos e manter a confiança do setor privado.
Fonte: Vermelho


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