Relatório identificou 50 operações atípicas envolvendo Bolsonaro, familiares e aliados entre 2023 e 2024
A Polícia Federal (PF) identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 30,5 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e fevereiro de 2024. As informações constam em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e embasam o inquérito que indiciou Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no caso relacionado ao chamado “tarifaço” dos Estados Unidos contra o Brasil.
Segundo o documento, não há apontamentos de ilegalidade direta na origem dos valores, mas foram registradas cerca de 50 comunicações de operações financeiras consideradas atípicas envolvendo o ex-presidente, familiares e pessoas ligadas ao seu círculo próximo.
Do total, oito movimentações foram diretamente ligadas a Jair e Eduardo Bolsonaro quatro em contas do ex-presidente e quatro em contas de seu filho. Outras 42 operações referem-se a terceiros vinculados ao grupo investigado.
Para os investigadores, esse conjunto de transações “apresenta indícios de possíveis práticas de lavagem de dinheiro ou outros ilícitos”.
Transferências milionárias
Entre as operações destacadas pelo relatório, está a transferência de R$ 2 milhões realizada em 13 de maio de 2024 para custear a estadia de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. O valor teria saído das contas do ex-presidente e já havia sido confirmado por ele em declarações públicas. A PF aponta que esse repasse está vinculado a aproximadamente R$ 19 milhões arrecadados via Pix, fruto de doações de apoiadores entre 2023 e 2024.
Outra operação considerada relevante foi a transferência de R$ 3 milhões da conta de Jair Bolsonaro para a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro. Segundo a investigação, o ex-presidente não mencionou essa transação em depoimento prestado à PF.
Defesa não se manifestou
Procurada, a defesa de Jair Bolsonaro não se manifestou sobre as movimentações financeiras apontadas no relatório até a publicação desta matéria.


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