Ministro do STF é homenageado por sua trajetória jurídica e pela atuação firme na defesa das instituições democráticas, em meio a tensões políticas e críticas de setores bolsonaristas
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi agraciado nesta segunda-feira (11) com o Colar do Mérito da Justiça de Contas, a mais alta honraria concedida pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). A cerimônia, marcada por grande expectativa e auditório lotado, aconteceu em um momento político delicado, refletindo a complexa teia institucional e ideológica que marca o cenário brasileiro.
Mesmo diante de críticas e tentativas de deslegitimação por setores mais radicais, Moraes segue como um dos principais símbolos da resistência democrática no país, especialmente por seu papel na contenção de ameaças institucionais e na defesa do Estado de Direito.
O evento contou com a presença de diversas autoridades, como a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o secretário da Fazenda paulista, Samuel Kinoshita. Os convites se esgotaram rapidamente, demonstrando o prestígio e o interesse gerado pela participação de Moraes.
Ausências notadas e tensão política
As ausências do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do prefeito Ricardo Nunes chamaram a atenção, especialmente diante do contexto atual. Ambos alegaram compromissos oficiais no Vale do Anhangabaú relacionados a uma nova operação de segurança pública, envolvendo o uso de tecnologia para combate a crimes veiculares. Ainda assim, as ausências foram interpretadas por parte do público como uma forma de evitar maiores desgastes com a ala bolsonarista, que tem aumentado os ataques a instituições democráticas e a figuras como Moraes.
O presidente do TCE, Antonio Roque Citadini, procurou minimizar o teor político do evento, ressaltando que o convite ao ministro foi feito há mais de três meses, antes das decisões judiciais que colocaram Jair Bolsonaro em prisão domiciliar. Para Citadini, trata-se de um reconhecimento técnico e institucional.
Um defensor intransigente da Constituição
Alexandre de Moraes, que atualmente preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), consolidou-se como um dos principais defensores da legalidade e da ordem constitucional em tempos de instabilidade. Durante os últimos anos, enfrentou campanhas de desinformação, ameaças e tentativas explícitas de subversão da democracia por meio de ataques às instituições, às eleições e ao sistema judiciário.
Sua atuação firme e embasada legalmente tem sido essencial para garantir a continuidade democrática no país. Em diversas ocasiões, Moraes destacou que a liberdade de expressão não pode ser utilizada como escudo para crimes contra a democracia — um princípio que norteou suas decisões e enfrentou forte resistência de grupos extremistas.
Não à toa, sua presença no evento do TCE-SP dividiu opiniões nas redes sociais. Grupos ligados ao ex-presidente Bolsonaro classificaram a homenagem como “inacreditável” e chegaram a pedir seu impeachment — uma reação que apenas reforça o papel central de Moraes na contenção de práticas antidemocráticas.
Caminho firme em meio à turbulência
Mesmo diante de críticas e de pressões internacionais — como a recente tentativa de sanção por meio da Lei Magnitsky, proposta por aliados de Bolsonaro nos EUA Moraes continua sua atuação com equilíbrio e coragem. Em vez de se retrair, tem aprofundado sua missão de garantir que as instituições funcionem dentro dos limites constitucionais, buscando preservar as garantias individuais e coletivas previstas pela Carta de 1988.
A homenagem recebida no TCE-SP não é apenas simbólica. É um reconhecimento concreto de sua trajetória como jurista, professor, ministro e guardião da democracia. Em um país onde o debate institucional muitas vezes é capturado por narrativas ideológicas, a coragem de Alexandre de Moraes em manter a Constituição como bússola é um gesto que merece ser exaltado.


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