Mais de 60 mil consultas de localização sem autorização foram feitas pela Abin para atender interesses políticos, aponta relatório da Polícia Federal
O Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo de um extenso relatório da Polícia Federal que revela um esquema de espionagem ilegal operado dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com as investigações, Jair Bolsonaro e seu filho, Carlos Bolsonaro, eram os principais articuladores das operações clandestinas.

Entre os anos de 2019 e 2021, a Abin foi utilizada para monitorar ilegalmente ministros do STF, parlamentares, jornalistas e servidores públicos. Estão entre os alvos nomes de peso da política e do Judiciário brasileiro, como os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, além dos parlamentares Kim Kataguiri, Arthur Lira, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.
O relatório revela que mais de 60 mil consultas de localização de pessoas foram feitas sem autorização judicial, por meio de um sistema de monitoramento contratado por R$ 5,7 milhões, sem licitação. As operações, segundo a Polícia Federal, tinham como objetivo atender a interesses pessoais e políticos do então presidente e de seus aliados.
O então diretor da Abin, Alexandre Ramagem — aliado de Bolsonaro e atualmente deputado federal — também tinha conhecimento das atividades ilegais, segundo aponta o inquérito.
As revelações causam grande repercussão no meio político e jurídico do país e devem gerar novos desdobramentos tanto no Supremo Tribunal Federal quanto no Congresso Nacional.


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