Um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) denunciou, ainda em 2020, a existência de descontos ilegais nas contas de aposentados e pensionistas, mas não foi ouvido. Segundo ele, após relatar os abusos a seus superiores, foi silenciado e passou a sofrer ameaças de morte.

A denúncia envolvia empréstimos consignados não autorizados e cobranças indevidas que vinham sendo descontadas diretamente dos benefícios previdenciários, prática que lesava milhares de segurados, muitos deles idosos e sem acesso aos meios digitais para contestar os débitos.
“Eu só queria que o INSS olhasse com mais atenção para o que estava acontecendo. Mas, em vez disso, me trataram como inimigo. Fui afastado, sofri ameaças anônimas e me vi totalmente desprotegido”, relatou o servidor, que prefere não ser identificado por medo de retaliações.
As suspeitas levantadas por ele apontavam para um esquema que envolvia instituições financeiras, possíveis intermediários e até falhas internas no controle do sistema do INSS. “Muitos aposentados mal sabiam que tinham feito empréstimo. Descobriam só quando o valor do benefício vinha reduzido”, disse.
Mesmo diante da gravidade, nenhuma providência foi tomada na época. De acordo com o denunciante, documentos com provas das fraudes foram entregues formalmente à chefia, mas acabaram engavetados.
A situação só voltou a ganhar atenção agora, após novos casos virem à tona e aumentarem a pressão por investigações. O servidor, que ainda luta para ter sua segurança garantida, reforça: “Se tivessem dado ouvidos em 2020, muita gente poderia ter sido poupada.”
O caso reacende o alerta sobre a vulnerabilidade dos aposentados diante de golpes e a necessidade urgente de mais transparência e rigor nos processos internos do INSS. O Ministério Público já foi acionado para apurar o caso.


Comentários